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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Maratona de obstáculos em cross country

Nao sei se já tinha dito que sou designer de profissão, já o disse com menos convicção, hoje em dia gosto de o dizer porque já encontrei o verdadeiro sentido da palavra para mim. Não me imagino a fazer outra coisa mas tenho que complementar com tudo o resto que faço.

Quando se trabalha criatividade, cada um tem a sua maneira de pensar, criar, desenvolver, procrastinar e até de ter ideias brilhantes. Com a idade e a experiência vem também o auto-conhecimento. Para mim, foi das coisas mais preciosas que aprendi e que continuo a aprender, o conseguir saber como nós próprios funcionamos e qual o melhor método de trabalho.

Eu, por exemplo, percebi que não gosto de briefings abertos, não funciono tão bem com:  "faz o que quiseres", chego lá à mesma, mas normalmente, contrariamente ao esperado, demoro muito mais tempo.

Prefiro briefings com balizas, podes ir até aqui, mas não podes ir até ali. Podes fazer assado, mas não podes fazer completamente tostado. :)

Aí dou luta, e acho sempre que posso fazer melhor com aquilo que me apresentam. 

Este blog é de histórias, aquelas que nos levam a escolher o peixe ou a carne, ou assado ou cozido. O que percebi, tentando não ser cliché, nem poetico-pastoril, é que o nosso dia-a-a-dia não é um briefing aberto, não, ele tem dúzias de barreiras  e detours e corta-matos, hell...é uma autêntica maratona de obstáculos em cross country, se isso existisse.

Tudo isto para dizer, que saí do trabalho com uma refeição impecável para fazer quando chegasse a casa, escolhi ir directamente sem passar pelo super, para não perder tempo, escolhi fazer salmão congelado para não perder tempo, na chapa para não perder tempo, fiz todas as escolhas que me permitiam perder o minimo tempo possível. Porque o humano-pequeno estava cansado e estava determinada em ser daquelas mães que põe os filhos na cama às 21h com direito a tudo antes, comida, banhos, brincadeira, história para adormecer e beijo na testa.


Era tudo lindo, não tivesse eu, alminha penada, esquecido das chaves em casa....


Todo o tempo que iria poupar foi pó galheiro, tive que esperar que a better half chegasse a casa com a bendita chave. Todo o tempo para ser uma mãe normal, toda a preparação, pimbas, foi-se.

Podia ter ficado por aqui e ter ido jantar fora.

Não fui, fiz lombos de salmão na frigideira, com batatas e feijão verde salteados, pão torrado com um ovo escalfado, para acompanhar com o molho das gyozas.
   


Podia ter ido jantar fora...eu sei.


O humano pequeno não se deitou às 21h, não. Ninguém morreu. Pelo contrário, adorou o ovo que se toca e rebenta, o pão torrado na frigideira que salteou e fez o peixe, fez as delicias de toda a gente. O salmão estava exactamente no ponto, crispy por fora e cor de rosa por dentro. O molho das gyozas saiu me melhor que nunca. E eu que pensava que não ia conseguir fazer  o ovo escalfado perfeito. 

Saiu perfeito.




A melhor criatividade sai das melhores barreiras.

Never give up

Salty


ps.: as minhas fotografias são do telemovel, gostava de ter mais cuidado com elas, gostava. Mas para já contento-me com elas, o sabor estava lá.

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